A imagem e linguagem do alojamento local tem dois lados distintos, que permitem aliar os processos de construção tradicionais à contemporaneidade e que demonstram que os mesmos podem coexistir no cenário urbano. O volume central, onde se integra a zona social, com estrutura em pedra e cobertura de duas águas sustentada por asnas de madeira conferem à construção uma informalidade caseira que nos remetem para a memória da casa que existiu em tempos no local. Este volume central abraça o seu volume contíguo formando um “L”, em que o revestimento exterior em pedra vai “desvanecendo” para dar lugar ao revestimento em capotto e onde a cobertura de duas águas dá lugar a uma cobertura plana, perfazendo uma transição entre o antigo e o actual. Por sua vez o volume paralelepipédico onde se situam os quartos independentes assume um caracter contemporâneo, com revestimento exterior em madeira e cobertura plana. A coerência visual entre este e o volume central, sendo que os dois se encontram à cota de soleira, é enquadrada pelos alinhamentos visuais da altura dos vãos e resulta numa volumetria orgânica que escapa á época de cada edifício e estabiliza a relação entre o edificado e a paisagem.
A implantação procura corrigir a diferenciação das cotas na área edificada, mantendo o restante terreno com as suas cotas naturais. O volume em “L” – correspondente a uma moradia V3- sendo num dos lados integrada a zona comum com os usos sociais (a sala e a cozinha) e noutro volume os usos individuais (três quartos). Os dois cruzam-se numa zona de entrada que funde a área privada com a social. Ao longo do processo, tendo em consideração os muros já existentes no terreno e as cotas do mesmo, utilizou-se um segundo nível no terreno para um melhor aproveitamento das cotas, dando resultado a um piso parcialmente elevado cerca de 60cm relativamente à cota de soleira (que é o volume onde se situam os quartos).
No volume autónomo, de forma paralelepipédica, encontram-se 3 quartos individuais que são independentes da construção principal em termos de volume. Cada um dos quartos tem casa de banho privativa, kitchenette, logradouro privativo e apenas têm acesso às zonas comuns sociais pelo exterior.
Todos os volumes foram pensados com o cuidado para que todos os espaços principais se voltassem para a piscina e zona de estar exterior.
O projecto de alojamento local insere-se num terreno localizado na freguesia de Eiriz, bastante perto da Citânia de Sanfins. A força da paisagem envolvente e o caracter da ruína encontrada, ajudou a definir a posição do volume central social e incitou a que o mesmo fosse previsto a construir com as pedras do edifício em ruínas, remetendo para a memória da habitação devoluta existente do terreno no sentido de uma perpetuação atemporal do existente. Para completar a vivência constroem-se mais dois volumes, um deles interligado com o volume central formando um “L” e outro autônomo da construção principal.
Ano | 2022
Cliente | Particular
Categoria | Turismo
Estado: Em construção